quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Naquela Noite



-Uma festa incrível lá dentro e você está aqui fora por que?
-Não enche!
-Eita! TPM? Que foi?
-Já falei Gustavo não enche!
-Gustavo? Te fiz alguma coisa? Amor o que aconteceu?

Eu estava sentada na beira do muro, com uma garrafa na mão, olhos fechados, rosto molhado, a raiva me consumia.
-Gustavo vai embora, não quero brigar com você aqui.
-Nós vamos embora juntos, você vai ter que brigar comigo de qualquer jeito!
-VAI EMBORA!
Dessa vez eu gritei, mas a música estava tão alta que apenas você me ouviu.
-Já chega, vamos pra casa. Se é pra ficarmos de cara virada, que seja na nossa particularidade.
-Não quero ir embora com você.
-E quem vai te levar pra casa? Vamos embora Paula….Agora!
Vou lá dentro dizer que estamos indo, em dois minutos eu quero você dentro do carro.
-E desde quando o senhor manda em mim?
-NO CARRO!

O fato de você ter me dado as costas e sair andando me deixou furiosa.
A ponto de as 23:05 da noite sair andando pela estrada...sozinha.

Nunca se ouviram tantas buzinas vindas de um carro só!
Mas meu “bom senso” me permitiu andar.
Até que alguém segurou meu braço.
-Qual parte de “No carro” você não entendeu?
To te procurando a uma hora… Sai por aí dirigindo feito doido.
Pensei que tinha sido sequestrada, o que ia explicar pro seu pai?

Eu não estava “pra conversa”.
A verdade é que eu queria muito brigar… Só que eu sei - e por coincidência você também - brigar, xingar e essas coisas não são do meu fetio.
Queria achar um bom motivo, pra isso.
Por falta de respostas, com toda calma que existe no seu ser, você me levou até o capô do carro e ficou de frente pra mim, olhando bem nos meus olhos - que a essa altura estavam no asfalto - e sem falar nada, disse tudo.

Temos uns bons anos de namoro no currículo e até hoje eu não consigo entender, a sua forma de lidar comigo.
Brando, sério e confiante.
Se fosse a alguns minutos atrás, e se fosse outro menino, talvez tivéssemos brigado… Feio.
Mas ali, com toda a sua calma, eu não resisti.
Me joguei nos teus braços.
-Eu to sentindo a sua falta. ..E estou brava por isso.
-Desculpa….trabalho demais. E isso é errado, pois eu sei que você precisa de mim. E sei que a coisa que te deixa mais triste, é ver esforço não retribuído.
Mas acredite, eu penso nisso todos os dias. Eu também sinto a sua falta.
Mas mudar isso é difícil… Sou meio durão.
-Não gosto quando você vem e sua visita não parece durar tempo necessário… Da vontade de trancar em casa.
Temos tanto a conversar…

Foi uma conversa longa, com meu rosto enterrado no seu peito e você beijando minha nuca.
Porém de alguma forma, tudo se resolveu.
Hoje deitada com meu chá me recordo desse dia, e do acordo que fizemos:
Podemos até brigar, desde que no fim, o companheirismo e o respeito prevaleça e nos ajudem. “

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