Eu simplesmente não consigo tomar uma casquinha sem me sujar inteira.
Tomo sorvete igual - ou até pior - que criança.
E justo em um desses momentos lindos do meu dia, enquanto caminhava para o ponto de ônibus, te encontrei.
Tínhamos acabado de sair de uma prova, eu estava acabada e com fome. Com uma casquinha derretendo aos poucos na mão.
Te vejo a meses e ao contrário de mim, está sempre lindo e arrumado.
Com seu cabelo bem arrumado como se tivesse saído de um comercial de gel.
Suas mãos nos bolsos das calças na tentativa de espantar o nervosismo “ao mer ver” - só que não - na verdade, era o ônibus que não chegava.
E que coincidência, pegamos o mesmo ônibus!
Nunca achei que você daria bola pra mim, afinal só nos vemos no horário das 19:30.
Mas uma pergunta que ronda minha cabeça é : “por que sempre que olho pra ele, parece que ele já estava me olhando?”
No meu sistema de auto-defesa, descarto todas as possibilidades de ser porque “sou de aparência agradável”, ou “pareço fofa ou simpática”.
Aliás, descarto qualquer possibilidade.
Mas nesse dia em especial - poderia ser qualquer outro, mas você quis esse e não tive como argumentar - ao entrar no ônibus, você se sentou ao meu lado e com o papo de “garoa chata essa né?”, começou a arrancar de mim, palavras que nunca pensei em dirigi-las a você.
Quinze minutos até seu ponto chegar.
Quinze minutos de descontração.
Um “Até logo e boa noite” me deixou confusa.
Não que eu tenha a vasta mania de romantizar tudo.
Mas esqueci de te falar… minha mania, é eternizar tudo.
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